A Música para os pensadores e a história da música - Parte II

Por Elaine Barbosa

Toda a música é escrita sobre um pentagrama ou partitura, um local com 5 linhas e 4 espaços onde desenha-se as notas musicais, que são 7 (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si). Esta partitura pode ter espaços e linhas a mais tanto para cima como para baixo, sendo que estes devem ter o mesmo formato da partitura central, ou seja, 5 linhas e 4 espaços. A partitura acima é para sons agudos (voz mais fina, oitava acima), e a partitura abaixo para sons graves (voz mais grossa, oitava abaixo), elas são representadas assim:

Toda música deve conter: MELODIA: é a combinação dos sons sucessivos – dados um após o outro (dá sentido a música) de dó a dó; HARMONIA: é a combinação de sons simultâneos, dados de uma só vez. - combinar as notas (dó e ré tocadas juntas); RITMO: é a combinação de valores (sem ritmo não existe música); sendo que valor da nota é especificado através do “desenho” na pauta:

SEMIBREVE (4 TEMPOS)
MINIMA (2 TEMPOS)
SEMINIMA (1 TEMPO)
COLCHEIA (1/2 TEMPO)
SEMICOLCHEIA (1/4 TEMPO)
FUSA (1/8 TEMPO)
SEMIFUSA (1/16 TEMPO)

As notas musicais foram descobertas pelo sábio grego Pitágoras (séc. VI a.C.), ele estabeleceu uma escala de sons adequados ao uso musical, definindo doze notas musicais, sendo sete delas “naturais” (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si) e mais cinco “acidentes” (dó #, ré #, fá #, sol # e lá#), sendo que o símbolo # é chamado de sustenido. 

Acompanhando as notas musicais na partitura, surgem as claves que dão nome às notas. São elas: clave de sol, clave de fá e clave de dó.


O som, por sua vez tem algumas características, tais como: ALTURA - quanto maior a sua vibração, mais agudo e o contrário, mais grave. DURAÇÃO - determinada pelo tempo (valores das notas ou pausas). INTENSIDADE - nota fraca e nota forte. TIMBRE - é a “cor” de cada som, é através dele que identificamos a diferença entre uma guitarra e um baixo, é a voz do instrumento. 

Através do timbre, conseguimos saber a diferença de um instrumento para outro, sendo que estes estão separados em três categorias: percussão, corda e sopro.

Nos instrumentos de corda existe uma caixa acústica que amplifica o som produzido pela vibração das cordas (violino, viola, piano, violão, por exemplo). O comprimento das ondas (sons) é geralmente variado pelos dedos da mão esquerda. Obtêm-se os diferentes tons variando tal comprimento. A harpa e o piano são exceções, pois não é possível variar o comprimento das cordas da harpa, então seus pedais variam a tensão aplicada em tais cordas. Já o piano possui cordas com tensões definidas. Utiliza-se de alavancas associadas às teclas para que se acione a corda.

Nos instrumentos de sopro, o músico vibra o ar diretamente, utilizando-se dos próprios lábios, da força do diafragma e do controle das aberturas do instrumento. Na maioria deles, muda-se a frequência do som alterando-se o comprimento da coluna de ar. O músico aumenta a coluna de ar cobrindo os orifícios e a diminui descobrindo. Ex.: flauta, clarineta, saxofone.

Nos instrumentos de percussão o que vale é o ritmo e não a harmonia. Os sons nestes instrumentos dependem da vibração da película flexível em que se bate com baquetas ou mão. Ex.: tambor, bateria, xilofone, marimba.

Agora que conhecemos o que é música, a sua história, a sua notação e os tipos de instrumentos utilizados para expressar toda esta sonoridade, devemos analisar se a música é apenas para ouvirmos ou se ela pode ser utilizada em outras áreas do conhecimento científico e social.

Em tratamentos psicológicos, estudos mostram o poder que possui a música de “curar” certas doenças. Trabalhos clínicos são realizados em várias áreas: Deficiência mental (retardo, síndromes genéticas);  Deficiências físicas (paralisia cerebral, amputações); Deficiência sensorial (surdez, cegueira), Doenças mentais (área psiquiátrica, autismo, problemas neurológicos); Distúrbios sociais (crianças e adolescentes de rua ou carentes); distúrbios de aprendizagem e comportamento; em geriatria (idosos). Mas porque a Música ajuda no tratamento de doenças? 

O Dr. Masaru Emoto e sua equipe realizou experimentos com água e música. Colocou água destilada entre dois alto-falantes, tocando tipos diferentes de música durante algumas horas e então fotografou os cristais que se formaram após a água ter sido congelada. Música calma cristais harmônicos, músicas de Rock cristais destorcidos. Lembremos que nosso corpo é formado de 70% de água. Assim, pensamentos, sentimentos, emoções refletem-se em nosso corpo.

Nas técnicas de cultivo, pesquisadores do Instituto Nacional de Agricultura Biotecnologia da Coréia do Sul expuseram uma plantação de arroz ao som de 14 fragmentos de música clássica, enquanto monitoravam seu nível de atividade genética. Observaram que a música ativou 2 genes RBCS(hereditariedade) e ALD (no ser humano Adrenoleucodistrofia - atinge o sistema nervoso central e insuficiência supra-renal – filme óleo de Lorenzo) e que ativaram também os genes responsáveis pelo crescimento da planta, percebendo que a música ajuda no desenvolvimento das mesmas.

Toda esta diversidade de sons também é muito utilizada em uma cultura muito próxima à nossa: a indígena. Para eles, a música é associada ao universo transcendente e mágico, sendo empregado em todos os rituais religiosos. Usada para socialização, culto, ligação com os ancestrais, exorcismos, magia e cura. A sua sonoridade apresenta uma enorme sutileza e complexidade, sendo de difícil transcrição para a partitura. Seus instrumentos incluem percussão e sopro, que podem ser feitos de: sementes, madeiras, fibras, pedras, objetos cerâmicos, ovos ,ossos, chifres e cascos de animais. Segundo lendas, a música foi dada pelos deuses. Para outros, a criação delas se deve ao pajé, que as entoam em seus transes ou aos guerreiros mais distinguidos da tribo, que sonham com elas. 

Seja para os povos mais antigos, para civilizações diversas ou para gostos distintos, a música faz parte de nosso dia a dia. Desde antes de nascer ouvimos música e passamos nossa vida toda apreciando esta sonoridade. Tudo na natureza produz música, os pássaros, o vento, as plantas, o mundo é musical. Sem música não há vida, sentimento, razão, vontade, ânimo, coragem. Somos movidos e motivados pela mágica musical de nossos pensamentos. Se estamos cansados, relaxamos ao som de uma música calma, se elétricos, expressamos esta energia com sons mais enérgicos e vigorosos, se românticos, somos elevados no tocar de sinfonias melodiosas e inebriantes de amor. Nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos ao som de músicas que nos tocam, emocionam e nos invadem a alma, no mais intimo de nossos pensamentos. Música é arte, som, vida e poder.

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