A poluição que ninguém vê: plástico e poluentes orgânicos persistentes!

Por Felipe Veiga

Nos mares de todo o mundo encontramos um lixo quase invisível, o lixo plástico. Esses resíduos não chegam a formar necessariamente ilhas flutuantes, mas sim uma fina camada de fragmentos. Esses fragmentos estão presentes em todo o mundo, variando apenas a sua densidade em locais diferentes. Esse tipo de lixo é muito mais nocivo do que aparenta. Esse plástico quando entra em contato com poluentes orgânicos persistentes (POPs) acaba aderindo-se a estes. 

Fonte: Global Garbage.
Os poluentes orgânicos persistentes têm propriedades tóxicas, são resistentes à degradação, bioacumulam-se, são transportados pelo ar, pela água e pelas espécies migratórias através das fronteiras internacionais e depositados distantes do local de sua liberação, onde se acumulam em ecossistemas terrestres e aquáticos. Um único fragmento de plástico viajando circulando há alguns anos no mar chega a ter uma concentração de POPs um milhão de vezes maior que a água ao seu redor. Isso acontece porque esse lixo e os poluentes têm origem orgânica – o petróleo – e possuem afinidade química. E quando um animal engole a mistura de plástico e POPs, não consegue metabolizar o plástico e sofre os efeitos da contaminação. Vazamentos e naufrágios são fontes de lixo e POPs, mas apenas de uma ínfima parte. 

A maior parte dos resíduos é proveniente de cidades e lixões em terra. Eles são despejados diariamente nos rios até chegarem ao mar. Os POPs produzem uma ampla gama de efeitos tóxicos em animais e seres humanos, inclusive nos sistemas reprodutivos, nervoso e imunológico, além de causarem câncer. Muitos destes efeitos ocorrem porque alguns poluentes são capazes de mimetizar ou bloquear determinados hormônios, particularmente hormônios sexuais. Além de afetar enzimas que controlam as reações bioquímicas no organismo. Existem POPs que também atingem os neurotransmissores, substâncias químicas do sistema nervoso, assim como as células do sistema imunológico. Expor uma gestante a estas substâncias pode provocar a morte do feto e aborto espontâneo, diminuição de peso e tamanho ao nascimento, alterações de comportamento e rebaixamento da inteligência. Outras conseqüências são depressão do sistema imunológico, redução da resistência óssea e efeitos no sistema reprodutivo. Muitos poluentes estão associados ao surgimento de alguns tipos de câncer, como câncer de fígado, no trato digestivo, no pâncreas, no pulmão, na mama, entre outros. 

Referências:

LIANA, John. “Mar plastificado”. National Geographic. Abril, 2011. Ano 11. Nº 133.

ECOA. Conheça os Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs). Acesso em: 16/04/2013. < http://www.riosvivos.org.br/canal.php?mat=2342>.

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