O pai da química: Antonie Laurent Lavoisier!

Por Alan Eduardo Wolinski


Considerado por muitos como o “Pai da Química”, Lavoisier nasceu no dia 26 de Agosto de 1743, em Paris. Nascido em familia rica, estudou em um dos melhores colégios da França, Collège des Quatre –Nations (também conhecido como Collège Mazarin), onde teve aulas nas áreas de química, astronomia, matemática, botânica e geologia. 

Com 18 anos, sob influência do pai, começou a cursar a faculdade de Direito, se formou em 1764, entretanto nunca chegou a exercer a profissão. E com muito interesse nas diferentes áreas da Ciência, mesmo cursando Direito, assitia aula de professores renomados na época como o matemático Nicolas Louis de Lacaille, o botânico Bernanrd de Jussieu, o químico Guillaume François Rouelle, e do Geólogo Jean-Etienne Guettard, um amigo da família, qual foi um dos maiores responsáveis por despertar o interesse de Lavoisier na Química. De junho a novembro de 1767, acompanhou Guettard numa expedição que estabeleceria o Atlas mineralógico da França. Lavoisier foi encarregado de fazer observações meteorológicas diárias.

Em 1765, a Academia Francesa de Ciências abriu um concurso sobre o “melhor meio de iluminar, durante a noite, as ruas de uma grande cidade”. E Lavoisier testando vários tipos de lanterna e combustíveis, escreveu um projeto que foi premiado com medalha de Ouro. Podemos perceber ai, a dedicação e preocupação de dele com a Ciência, que iria acompanha-lo por toda sua vida.

Em 1768 Lavoisier conseguiu, a após algumas tentativas, se tornar membro da Academia de Ciências. Porém nesse mesmo ano, com a morte de sua avó materna herdou uma grande fortuna, que investiu no empreendimento que lhe traria uma grande riqueza, mas também sua condenação à morte, Lavoisier associou-se à Ferme Générale ou “Fazenda Geral”, uma organização de financistas que, através de um convênio com o governo, possuía o direito recolher impostos sobre um grande número de produtos comerciais. Essa Associação era mal vista pela população, pois o clero e a nobreza estavam isentos, isto é, não eram obrigados a pagar impostos, apenas as classes sociais inferiores pagavam, num sistema opressivo e corrupto.

Lavoisier se dedicou ao mesmo tempo à política e à ciência. A partir da Academia e de seu laboratório particular, Lavoisier desenvolveu uma carreira que culminaria no estabelecimento de uma nova ordem para a Química.

Em 1771, Aos 29 anos se casou com a filha de um dos sócios majoritários da Ferme, Marie Anne Pierrette, que tinha apenas 13 anos de idade. A jovem Marie Anne veio a se tornar grande colaboradora científica do marido, tomando parte efetiva em muitos de seus experimentos de laboratório e sendo a responsável por muitos desenhos e ilustrações em seus livros, além de traduzir livros e artigos dos químicos ingleses. 


Ainda na vida política, em 1778, passou a ocupar o cargo pensionista, onde melhorou a qualidade da pólvora francesa e acabou com a Lei que permitia ao rei o privilégio de sequestrar o salitre do celeiro de qualquer súdito, usado ao mesmo tempo como adubo e matéria-prima para a pólvora. Em 1787 elegeu-se deputado pela assembleia provincial de Orleans. 

Lavoisier defendeu a liberdade de imprensa e os direitos do cidadão. Apoiou a revolução francesa (1789), tendo sido nomeado secretário do tesouro em 1791. Porém, à medida que a Revolução Francesa foi ganhando força, os membros da Ferme foram colocados como inimigos do povo, seu prestígio acabou entrando em declínio, e devido também sua ligação com a monarquia, acabou sendo visto como corrupto pela população. Em 1793, foi preso ficando num prédio localizado às margens do Rio Sena, e por ter posses e ser nobre possuía privilégios em sua cela de prisão, como estar sozinho, ter mesa, cadeira e cama. Foi levado ao tribunal, acusado de peculato, isto é, desvio de dinheiro público. Julgado e condenado culpado, foi guilhotinado na tarde de 8 de maio de 1794. Conta-se que, no dia seguinte o grande matemático Joseph-Louis Lagrange teria afirmado: "Não necessitaram senão de um momento para fazer cair essa cabeça e cem anos não serão suficientes para reproduzir outra semelhante".

Lavoisier é conhecido como o “Pai da Química Moderna”, revolucionou a química e suas contribuições foram fundamentais. No início de sua carreira, ele pôs fim à ideia da Transmutação Elementar proposta pelo químico belga Jan Baptist van Helmont. Foi o início das ideias da conservação da matéria. 

Publicou em 1787, o Méthode de nomenclature chimique com os franceses Louis Bernard Guyton de Morveau, Antoine de Fourcroy e Claude Louis Berthollet propondo uma nova nomenclatura química sistemática e racional para essa ciência. E em 1789, publicou o Traité elementaire de chimie (Tratado Elementar de Química), no qual define e apresenta sob forma lógica suas novas ideias e a primeira lista de "substâncias simples". Nesse tratado estava escrito: 

“... podemos estabelecer como axioma que, em todas as operações da arte e da natureza, nada se cria; uma quantidade igual de matéria existe antes e depois do experimento; a qualidade e a quantidade dos elementos permanecem precisamente as mesmas; nada ocorre além de variações e modificações na combinação dos elementos. Deste princípio depende toda a arte de executar experimentos químicos: devemos sempre supor uma igualdade exata entre os elementos do corpo examinado e aqueles dos produtos de sua análise.”

Ou seja, a Lei da Conservação da Massa,  célebre Lei que ficou conhecida como “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

É atribuída à Lavoisier a descoberta do oxigênio, foi ele o criador deste nome, e quem descreveu sua função na respiração, nas oxidações, nas reações químicas. Acabando assim, com as teorias flogísticas da combustão metálica.

Em 1783, sugeriu o nome hidrogênio, do grego "gerador de água". Simplesmente, durante a combustão o hidrogênio se combina com oxigênio, dando água. Aliás, foi ele que fez a primeira análise quantitativa da composição da água.

Os trabalhos de Lavoisier foram de extrema importância, abordando temas de grande relevância. Não promoveu apenas a mudança no pensamento químico, mas mostrou também, uma característica fundamental da química, a de uma ciência básica cujas descobertas têm imensa importância prática e imediata aplicação.



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