De repente a rua lotou???

Por Vínícius Prado Alves

Manifestação na Praça Rui Barbosa - Centro de Curitiba.


Nos últimos dias muitos se surpreenderam com as grandes mobilizações que tomaram conta das ruas das principais cidades do país. Aparentemente tudo começou com a revolta pelo aumento das passagens de ônibus e metrô em São Paulo em R$0,20. Mas será que estas pessoas estão na rua só por 20 centavos? Será que elas se mobilizaram subitamente do nada?

Primeiramente é lógico que a questão que fez com que o número de manifestantes atingisse mais de 1 milhão de pessoas no último dia 20 nas ruas de todo o país, não foi apenas os 20 centavos do transporte público. Na verdade, a questão do transporte público vai além deste aumento.

Os movimentos sociais que organizam tais ações questionam o modelo de transporte que temos hoje no país, onde o lucro das empresas é mais importante que o direito de ir e vir da população. E a própria questão do transporte foi apenas um estopim para inflamar a indignação da população perante vários temas que afligem o seu dia-a-dia, o que vemos nos protestos são cartazes e palavras de ordem levantando temas sobre saúde, educação, segurança entre outros.

De onde vieram essas pessoas que aparentemente do nada resolveram protestar?? 

Lógico que a maioria delas nunca se envolveu em nenhum evento de protesto, não tem formação política, seja ela partidária, popular ou acadêmica. Esta mobilização teve foco nos inúmeros movimentos que existem  e que há muito organizam manifestações, mobilizações e eventos de divulgação sobre suas causas populares e que, neste momento, ganham adeptos em todo o pais.

Um dos movimentos com grande visibilidade durante essas manifestações é o Movimento Passe Livre (MPL). Sua gênese foi nas manifestações populares contra o aumento da passagem de ônibus em Salvador no ano de 2003, e foi formalizado em 2005 em uma plenária durante o Fórum Social Mundial de 2005. O MPL organizou inúmeros atos e discussões sobre o transporte público em todo o país, tendo como pauta suas principais bandeiras: a estatização do sistema de transporte e a tarifa zero, afim de democratizar o transporte público e acabar com a exclusão social que existente no sistema.

O grande desafio deste gigantesco movimento que toma conta das ruas de todo o país é conseguir se constituir enquanto movimento. Devido a seu crescimento rápido, ele se constitui por demais heterogêneo, o que faz com que pautas conflitantes comecem a surgir em meio as manifestações, onde até os setores mais conservadores da sociedade disputam os rumos do movimento, enquanto luta-se para que as pequenas conquistas, como reduções da tarifa de transporte em algumas cidades, não sirvam de motivo para desmobilização e que as pautas populares se sobressaiam sobre os ataques conservadores.



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