A Astronomia dos índios brasileiros!

Por Alan Henrique Abreu Dias
Orientação e revisão: Elisiane Campos de Oliveira Albrecht


Antigamente não haviam calendários, relógios ou satélites de previsão meteorológica. Isso levanta algumas questões. Como os povos antigos sabiam qual a época certa para o plantio ou se a maré estaria alta ou baixa? 

A resposta é: olhando o céu! 

A observação do céu está na base da cultura de todos os povos antigos. O céu seria a morada de divindades e espíritos que controlariam as forças da natureza. Por meio da observação da posição dos astros, esses as civilizações previam eventos climáticos, marcavam a passagem de tempo e se localizavam. 

Os indígenas americanos – inclusive os brasileiros – não eram diferentes: contemplavam o céu imaginando desenhos e os associavam a lendas e divindades. Para eles, a Terra é um reflexo imperfeito de tudo que há no céu. Baseavam o cultivo e a colheita e épocas de caça e pesca na posição dos astros prevendo, por exemplo, se o tempo estaria mais chuvoso ou mais seco.

Frontispício da obra Histoire de la mission: Paris 1614.
O professor aposentado da UFPR, Germano Bruno Afonso, descendente de indígenas, dedica-se aos estudos da astronomia dos indígenas brasileiros. Em 2000, ganhou o Prêmio Jabuti (o prêmio mais importante da literatura brasileira) com o livro didático “O Céu dos Índios Tembé”. Seus trabalhos começam no primeiro registro da astronomia dos índios brasileiros, datado de 1614: o livro “Historie de la mission des pères capucins en l'isle de Maragnan et terres circonvoisines” (História da missão dos padres capuchinhos na ilha de Maranhão e terras circunvizinhas), do missionário capuchinho francês Claude d'Abbeville, que passou quatro meses entre os índios tupinambá do Maranhão em 1612. D'Abbeville registrou o nome de cerca de 30 estrelas, apesar de identificar apenas algumas. Germano, com base no livro de d'Abbeville, pôde constatar que, à despeito da enorme distância, diferença linguística e temporal (cerca de 400 anos!), o sistema astronômico dos índios do norte e do sul tem grandes semelhanças.

Ao contrário dos demais povos, os índios formavam desenhos no céu utilizando não só as estrelas, mas qualquer mancha visível (galáxias ou nebulosas). Além disso, suas constelações estão quase todas situadas na região da Via Láctea – aquela mancha esbranquiçada observada à noite no céu e que se trata da porção visível da nossa galáxia. A essa mancha esbranquiçada, os índios chamavam Tapi’i rapé – Caminho da Anta. Duas constelações muito conhecidas pelos extintos tupinambás do norte e pelos tupis-guaranis do sul são o Homem Velho e a Ema.

O Homem Velho representa para os indígenas o tempo bom, de fartura, que seria o verão pra os índios do sul e a estação das chuvas para os índios do norte. Conta a lenda que um ancião muito bom da tribo teve sua perna cortada por sua esposa que estava interessada em seu irmão, e que poderia casar-se com ele quando seu esposo morresse. Como ele era bondoso, os deuses se compadeceram e o colocaram no céu.

Constelação indígena do Homem Velho.

A Ema representa, para os índios do sul, o início do inverno e para os do norte a estação da seca, um tempo ruim, de escassez de alimento. Dizem os indígenas que as duas estrelas no pescoço da ema são ovos que ela acabou de comer, e que ela quer comer as duas estrelas que estão à frente de seu bico. O cruzeiro do sul estaria segurando a cabeça da ema que, caso fosse solta, tomaria toda a água do mundo.

Constelação indígena da Ema.

REFERÊNCIAS:

www.anovademocracia.com.br/no-18/835-a-impressionante-astronomia-dos-indios-brasileiros

www2.uol.com.br/sciam/reportagens/mitos_e_estacees_no_ceu_tupi-guarani.html

www.almanaquebrasil.com.br/curiosidades-cultura/7291-o-ceu-segundo-os-indios.html


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