Pluralidade cultural: algumas considerações!

Por Luiza Canales Becerra
Orientação e revisão: Jeffrey Cássio de Toledo

Qualquer um de nós que deseja constatar diferenças culturais, não precisa ir ao encontro de comunidades indígenas localizadas nos confins de uma floresta ou até mesmo empreender uma viagem à uma distante ilha do Pacífico. Basta comparar os costumes de nossos contemporâneos, inseridos no “mundo civilizado”.

Como exemplos, poderíamos citar o sentido do trânsito na Inglaterra, que segue a mão esquerda; a culinária francesa, onde rãs e escargots são considerados iguarias. Há ainda outros costumes que chamam mais a atenção para as diferenças culturais.

Entre os ciganos da Califórnia, a obesidade é considerada como um indicador de virilidade. A carne de vaca é proibida aos hindus, da mesma forma que a de porco é interditada aos muçulmanos. O nudismo é tolerado em certas praias europeias, enquanto nos países islâmicos, de orientação xiita, as mulheres mal podem mostrar o rosto em público.

Nesta sequência de exemplos, que poderíamos estender infinitamente, cito alguns costumes mais próximos a nós. Em algumas regiões do Norte do Brasil, a gravidez é considerada uma enfermidade, e o ato de dar a luz é denominado “descansar”. Esta mesma palavra é utilizada para se referir à morte, no Sul do Brasil. Ainda entre nós, existe uma diversidade de interdições alimentares que consideram perigoso o consumo conjunto de certos alimentos, como a manga com o leite.

“O modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os diferentes comportamentos sociais e mesmo as posturas corporais são assim produtos de uma herança cultural, ou seja, o resultado da operação de uma determinada cultura.” (LARAIA, 2009, p.68)

Ao analisar esta frase do antropólogo brasileiro Roque de Barros Laraia,  entendemos o fato de que podemos identificar indivíduos de culturas diferentes por uma série de características, como o modo de agir, vestir, comer e, a mais evidente, a diferença linguística.

Contudo, devemos ter bem claro em nossas mentes, que nenhum indivíduo é capaz de participar de todos os elementos de sua cultura, seja nas sociedades mais complexas ou nas mais simples. É importante, porém, que haja um mínimo de participação por parte do indivíduo na sociedade em que está inserido, para que esteja articulado com os demais membros da mesma.

Seja a cultura simples ou complexa, ela sempre estará em mudança. Podemos afirmar que existem dois tipos de mudança cultural: uma que é interna, resultado da dinâmica cultural do próprio sistema cultural, e a segunda, que é resultado do contato de um sistema cultural com outro.

Concluindo, todo sistema cultural está sempre em mudança. Entender este fato é importante para evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma que é fundamental a compreensão das diferenças entre povos de culturas diferentes, é necessário saber entender as diferenças que ocorrem dentro do nosso próprio sistema cultural.

REFERÊNCIAS:

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico, 21º edição. Zahar: Rio de. Janeiro, 2007.

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