O OBJETO DE ESTUDO DA MATEMÁTICA: PADRÕES E ORDENS

Por: Wellington Schühli De Carvalho

“A matemática é o alfabeto que Deus usou para descrever o universo.”   
Galileu

A importância da Matemática é indiscutível, mas poucos compreendem a disciplina. Se fizermos uma pequena pesquisa sobre o que é a Matemática, as repostas serão: cálculos, regras, exercícios, achar respostas e assim por adiante.  Esta visão decorre da maneira com que esta ciência é apresentada no ensino. 

Desde o começo da idade escolar as crianças são acostumadas a repetir, sem realmente compreender o que estão fazendo. Regras enigmáticas e teoremas complexos auxiliam a criar a ideia de que: “eu nunca fui muito bom em Matemática, nem nunca serei”.  O que falta para o ensino é saber que a Matemática é sobre ideias, e como estas ideias se relacionam em si e com a nossa realidade. 

Para início, a Matemática é uma ciência, ou seja, é um processo de compreender e dar significado às coisas. E esta ciência estuda as coisas que possuem padrão de regularidade e de ordem lógica. Este é o principio máximo para iniciarmos qualquer estudo. Mas o que é um padrão? É algo que possui uma ordem ou algo que se repete e observamos regularidades como, por exemplo, na natureza, as estações do ano sempre ocorrem da mesma maneira, sabemos que sempre após o verão virá o outono, depois o inverno, a primavera e o verão novamente. Esta ordem também ocorre nas artes, nas construções, na música, na sociologia e em quase todos os aspectos da vida cotidiana. A função da Matemática é descobrir esta ordem e lhe dar sentido.

A importância dos estudos dos padrões para os seres humanos não é artificial e sim algo intrínseco a sua natureza como, por exemplo, no antigo Egito, para plantar na época certa e assim garantir seus alimentos, os egípcios precisavam saber quando haveria inundação do rio Nilo, que acontece em períodos ligados diretamente com o movimento da lua e as estações do ano e este tipo de conhecimento foi fundamental para a sobrevivência deste povo. Deste modo, a mente e a cultura humana desenvolvem um sistema formal de pensamento para reconhecer, classificar e explorar estes padrões.

Figura 1 – Padrão encontrado no corpo humano. Fonte: www.hypeness.com.br

Observando o universo dos padrões, podemos verificar que a função da Matemática é criar teorias que revelam os segredos da natureza, mostrar que variados padrões podem ser transformados em sequências numéricas. Um dos exemplos mais conhecidos são as pétalas da margarida que seguem o padrão da sequência de Fibonacci.

Para uma visão mais ampla deste objeto de estudo podemos afirmar que vivemos em um universo de padrões e diante de suas características principais podemos classificá-los como: contagem, ordem, forma, movimento, espaço e o acaso. O padrão mais conhecido provavelmente é a ideia de contagem, que deu origem aos números e medidas. Os problemas relacionados a ordenar objetos segundo algumas regras deu origem a teoria dos conjuntos, uma das bases da ciência da computação. A observação da forma inspirou o estudo da geometria, não apenas a euclidiana, mas também suas variações mais modernas. O movimento, seja ele de corpos celestes, projéteis ou ondas, nos trouxe a concepção do cálculo. A mais moderna definição de objeto na Matemática é o acaso. No século passado se percebeu que o acaso ou o aleatório possui uma regularidade e um padrão próprio, criando novas ideias e teorias.

Todas estas observações sobre padrões trazem a perspectiva que estas regularidades acompanham o homem na sua vida diária e que diante da variedade de padrões existentes podemos representar, descrever e organizar o mundo real. E como a definição do objeto de estudo da Matemática vai auxiliar no ensino desta ciência? Simplesmente porque a mente humana consegue compreender melhor aquilo que tem um significado real e palpável, ou seja, o processo da descoberta desta matéria torna-se mais real e menos enigmático do que a antiga definição de fazer exercícios e encontrar respostas.


REFERÊNCIAS

DEVLIN, K. Matemática – a ciência dos padrões. Porto: Porto editora, 2002.

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