SUPERAGUI : “UM BERÇÁRIO DO ATLÂNTICO SUL"

Por: João Marcos Alberton.


No extremo norte do litoral sul, nas margens do oceano atlântico, com suas florestas, restingas, manguezais, enseadas e praias, seu nome de origem tupi-guarani, significa
 “sereia ou rainha dos peixes”.

Figura 01 - Ilha de Superagui - Fonte: www.guiadoviajante.com

Dos seus ancestrais aos nativos de hoje, a história da Ilha do Superagui, é marcada por conquistas e desafios. Berço da civilização paranaense, a região antes habitada por Índios Carijós e/ou pelos Índios Tupiniquins, conforme relato do etnógrafo alemão Hans Staden, ainda resguarda traços de um tempo longínquo, seja pelos diversos sambaquis encontrados ou devido ao isolamento e difícil acesso às grandes cidades.

Em 1501, a colonização do complexo-estuarino-lagunar de Iguape-Cananéia e Paranaguá, iniciou-se em Cananéia, quando Gonçalo Coelho, a mando do Rei de Portugal, comandou a primeira expedição ao Brasil, objetivando a exploração da costa saindo com três caravelas.

As relações dos portugueses com os índios Carijós possibilitaram a miscigenação das duas raças originando os mamelucos. A dificuldade na travessia, por causa do mar revolto, fez que em 1545, a expedição comandada pelo espanhol Dom Diego de Senábria fundeasse nas costas da península da Ilha do Superagui.

Ao aportar em busca de abrigo, Hans Staden surpreso ali encontrou colonos portugueses vindo de Cananéia no litoral paulista, anos antes. No início da década de 1770, os missionários da Casa das Missões de Cananéia, passaram a estabelecer grandes fazendas que utilizariam trabalho escravo contrariando seu objetivo de somente catequizar os índios.

Entre 1800 a 1870, a América do Sul, e consequentemente o Brasil, recebia correntes imigratórias de suíços, e sobretudo à atividades comerciais, com a tentativa da fundação de uma companhia de colonização na região sul, na província autônoma do Paraná.

Assim, o atual cônsul geral da Suiça no Brasil, Charles Perret-Gentil, dirigiu sua atenção à península do Superagui e à Ilha das Peças. Feito um projeto geral para a divisão da colônia prevista uma cidade e várias aldeias, um grupo de europeus, primeiramente os suíços, depois os alemães, italianos e franceses, estabeleceram em 1852, a colônia do Superagui.

Na colônia havia serraria, estaleiro e inúmeros engenhos de beneficiamento de café, mandioca, arroz, cana-de-açúcar e uva, sendo possível o primeiro a ser exportado pelo Estado do Paraná.

Além das plantações a economia da ilha era movida pela exportação de madeira, atividade lucrativa àquela época; alimentou a ferrovia Curitiba-Paranaguá, para a construção e combustão, bem como, sua livre exportação pelo porto do Rio de Janeiro.

Devido ao transporte precário da época que era feito por água com embarcações próprias, mesmo em 1873, com a estrada Curitiba-Paranaguá, permaneceu o desafio do isolamento da colônia. Com a abolição da escravatura em 13 de maio de 1888, os fatores climáticos adversos e o difícil acesso, iniciou-se o declínio das fazendas escravagistas, e consequentemente de suas produções e comercio.

Em 1955, apesar da abertura do Canal do Varadouro, aberto sem o uso de maquinário,que tinha como objetivo a integração fluvial da Baía de Paranaguá à Baía de Trapandé, em Cananéia, a economia da região extinguiu-se.

Figura 02 - Vila de Superagui - Fonte: www.guiadoviajante.com

Atualmente, com a criação do Parque Nacional na Ilha do Superagui e Peças, é discutida a forma de permanência humana em Unidades de Conservação, mesmo de uso indireto visando, principalmente à preservação dos recursos naturais.

No histórico da região percebe que seus integrantes de origens diversas, habitam o local durante períodos variados e cuja identidade é caracterizada de acordo com o uso dos recursos naturais, quase sempre com o objetivo de assegurar a sobrevivência num lugar tão isolado.


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