SETE PASSOS PARA CONSTRUIR UMA MAQUETE

Por: Lawrence Mayer Malanski


1 INTRODUÇÃO

A maquete permite uma concreta manipulação e visualização, em terceira dimensão (3D), de diferentes dados e informações,construída a partir de uma base cartográficaplana, em duas dimensões (2D).Ela pode serusada, principalmente, por estudantes do Ensino Fundamental II, que ainda apresentam um nível de abstração insuficiente paraa interpretação de mapas e cartas hipsométricos, ou mesmo estudantes do Ensino Médio e até Superior (OLIVEIRA; MALANSKI, 2008).

2 ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES

O domínio dos conceitos de escala cartográfica e exagero verticalsão fundamentais para que irá trabalhar com maquete em Geografia. 

Escala cartográfica é “a relação entre as medidas do terreno e as do mapa" (COLLISCHONN, 1997, p.3). No entanto, uma maquete apresenta duas escalas. Uma destas échamada escala horizontal e representa a relação entre as medidas planas (a escala do mapa utilizado como base será a mesma da maquete) e pode ser calculada através da fórmula d/D=1/T, na qual “d” representa a distância no mapa, “D” a distância real e “T” o título da escala do mapa base . Deve-se tomar cuidado ao ampliar o mapa utilizado como base para a maquete, pois a escala do mesmo e da própria maquete deverá ser recalculada.

A outraescala é a vertical e representa a relação entre as cotas altimétricas reais e as da maquete. Para se calcular a escala vertical, deve-se levar em conta a espessura do material utilizado para a construção da maquete. Utilizando a mesma fórmula apresentada acima se encontra o valor desta escala, substituindo o “d” pela espessura do material utilizado e o “D” pela equidistância das curvas de nível. 

Toda maquete necessita ter um exagero vertical para que se tenha a noção de altitude. Calcula-se o exagero vertical dividindo o título da escala horizontal pelo título da escala vertical. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) recomenda que o resultado desta razão deva ficar entre 5 e 10.


3 MATERIAIS UTILIZADOS PARA A PRODUÇÃO DA MAQUETE DO PARANÁ

Os seguintes materiais serão utilizados para a confecção de uma maquete do Estado do Paraná, utilizada como exemplo neste texto (OLIVEIRA, MALANSKI, 2008):
•Mapa topográfico do Estado do Paraná na escala 1/1.700.000;
• Placas de isopor de 5 milímetros;
• Papel vegetal;
• Papel carbono;
• Fita adesiva;
• Canetas de diferentes cores;
• Alfinetes;
• Cola branca ou de isopor;
• Massa corrida;
• Lixa fina. Recomenda-se a de granulometria P120;
• Tintas acrílicas;
• Pincéis.

4 PRODUÇÃO DA MAQUETE DO PARANÁ PASSO A PASSO

Para a confecção da maquete sete passos serão necessários (OLIVEIRA, MALANSKI, 2008):
1.º) Desenho das curvas de nível;
2.º) Transposição das curvas de nível para asplacas de isopor;
3.º) Recorte das placas de isopor;
4.º) Colagem das placas de isopor;
5.º) Recobrimento com massa corrida;
6.º) Acabamento;
7.º) Base.

1.º)Desenho das curvas de nível
Sobrepondo uma folha de papelvegetal ao mapa topográfico do Estado doParaná utilizado como base para a maquete, demarcar neste papel, utilizando canetas coloridas, as diferentes cotas altimétricas(uma cor representando cada cota altimétricapara facilitar a visualização). Ver imagem 1.

Figura 1: Desenho das curvas de nível. Fonte: OLIVEIRA; MALANSKI, 2008.

2.º) Transposição das curvas de nível para as placas de isopor
Transpor, intercalando-se folhas de papel carbono entre uma placa de isopor e a folha de papel vegetal com as curvas de nível, as curvas de nível para a folha de isopor furando comalfinete com cabeça todo o contorno, ficando acurva demarcada na placa. Todas as curvas denível do mapa topográfico devem ser transpostas, uma de cada vez em placas diferentes. Ver imagem 2.

Figura 2: Transposição das curvas de nível para as placas de isopor. Fonte: OLIVEIRA; MALANSKI, 2008.

3.º) Recorte das placas de isopor
Recortar e destacar as curvas de níveldas placas de isopor utilizando um instrumentode ponta aquecida (instrumento próprio para ocorte de isopor, ou esquentado, na chama de umavela, a ponta de uma faca, estilete ou agulha). Ver imagem 3.

Figura 3: Recorte das placas de isopor. Fonte: OLIVEIRA; MALANSKI, 2008.


4.º) Colagem das placas de isopor
Colar, utilizando cola branca ou cola de isopor, as curvas de nível recortadas, começando pelamontagem da curva de altitude mais baixa, seguindo gradativamente para as de maior altitude. Ver imagem 4.

Figura 4: Colagem das placas de isopor. Fonte: OLIVEIRA; MALANSKI, 2008.

5.º) Recobrimento com massa corrida
Após todas as curvas de nível seremcoladas, as placas de isopor devem ser cobertas com massa corrida para dar uma noção de continuidade do relevo. A massa não deve ser aplica em excesso para não alterar as escalas do modelo. Geralmente é necessário sobrepor mais de uma camada de massa para um melhor recobrimento da maquete. Após a secagem completa do material, lixá-lo, suavemente, para dar uniformidade ao acabamento. Ver imagem 5.

Figura 5: Recobrimento com massa corrida. Fonte: OLIVEIRA; MALANSKI, 2008.



6.º) Acabamento
Terminada a fase anterior, inicia-se a pintura com as tintas acrílicas (acrílicas para não agredir o isopor e a massa corrida), conforme o tema escolhido. Sugere-se, aplicar primeiro uma demão de tinta base branca, uma vez que a massa corrida absorve uma grande quantidade de tinta. Ver imagem 6.

Figura 6: Acabamento. Fonte: OLIVEIRA; MALANSKI, 2008.
7.º)Suporte
Por ser construída com materiais frágeis, pode-se utilizar um suporte para a maquete feito de papelão ou madeira, no qual deve ser colocada a legenda, fonte, título, orientação, autores, data e demais informações.


5 DICAS

Se o professor optar por construir uma maquete junto com seus estudantes, alguns cuidados devem ser tomados, principalmente com os alfinetes, facas ou estiletes utilizados para furar e cortar o isopor, pois além de pontiagudos, poderão estar quentes. Outro utensílio que merece cuidado, se usado, é a vela, pois pode causar queimaduras. Além disso, o pó resultante da massa corrida lixada pode causar algum tipo de dificuldade respiratória nas crianças. Para se tentar prevenir acidentes, o ambiente de trabalho deve estar tranquilo, arejado, ventilado e os objetos perigosos devem ser sempre utilizados sob a supervisão de um adulto.

Por uma questão ecológica ou de custos, o isopor pode ser substituído por outro material, como papelão ou EVA, contudo, deve-se sempre levar em conta a escala vertical que se pretende dar ao modelo e o material escolhido deve estar de acordo com ela.

A partir de estudos mais aprofundados, as maquetes podem ser utilizadas também para o ensino de estudantes cegos ou com visão subnormal. Para tanto, existem pesquisas próprias a respeito de cartografia tátil, que se preocupa em produzir ou adequar mapas e maquetes às necessidades destes estudantes.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


COLLISCHONN, É. Maquetes de Municípios - Um Recurso Didático. In: Agora. Santa Cruz do Sul, v.3, n.1, p. 75-89, 1997.

OLIVEIRA, Barbara Renata; MALANSKI, Lawrence Mayer. O uso da maquete no ensino de geografia. In:Extensão em Foco. Curitiba, n 2, p. 181-189, jul./dez. 2008. Ed. UFPR. 
Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/extensao/article/viewFile/24783/16618>.
Acesso em: 10 set. 2014.

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