COMO A POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA AFETA NOSSO ORGANISMO

Por: Marcelo Domingos Leal


 Figura 01 – Poluição em Cidade Chinesa. Fonte: http://soumaisenem.com.br


1 - O QUE É POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

Antes do período de industrialização, já se conheciam os problemas causados pela falta de água potável, de alimento, e do excesso de lixo despejado nos grandes e médios centros urbanos. Mas, julgava-se que o ar, necessário para a respiração dos seres humanos e de outros seres vivos, nunca deixaria de estar disponível de forma adequada à manutenção da vida. Contudo, esta realidade mudou drasticamente com o advento das fábricas, e com a transformação do espaço urbano.

Algo que era impensável a cerca de 150 anos atrás, tornou-se realidade: a poluição atmosférica. Mas o que é poluição atmosférica ou do ar? Entende-se como poluição do ar, a mudança em sua composição ou em suas propriedades, decorrentes das emissões de poluentes, tornando-o impróprio, nocivo ou inconveniente à saúde, ao bem-estar público, à vida animal e vegetal e, até mesmo, ao estado de conservação de determinados materiais. Agentes naturais e artificiais podem ser percebidos como contaminantes atmosféricos. Entre os de origem natural podemos destacar as brumas marinhas (bactérias e microcristais de cloreto e brometos alcalinos), produtos vegetais (grãos de pólen, hidrocarbonetos e alérgenos), produtos de erupções vulcânicas (enxofre, óxidos de enxofre, vários tipos de partículas, ácido sulfúrico, dentre outros) e poeiras extraterrestres (material pulverizado de meteoritos que chegam à atmosfera). No que diz respeito aos de origem artificial, este podem ser representados pelo Gás ou Dióxido de Carbono (CO2), monóxido de carbono (CO), composto de enxofre, chumbo, sílica, CFC (clorofluorcarboneto) e outros.

AYOADE (1998: 309) alerta que a poluição do ar afeta o clima das áreas urbanas de diversas formas. O próprio balanço energético das cidades sofre interferência, pois os poluentes refletem, dispersam e absorvem radiação solar. Muitos poluentes também servem de núcleos de condensação, sendo, portanto, abundantes no ar das cidades, cuja umidade já é substancialmente abastecida através da evaporação, dos processos industriais e dos automóveis, que emitem grandes quantidades de vapor d'água. Consequentemente, a tendência da precipitação é aumentar sobre as áreas urbanas. Contudo, os efeitos mais alarmantes da poluição atmosférica ocorrem na saúde da população urbana.


2 – EFEITOS DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA SOBRE O CORPO HUMANO

A poluição atmosférica gera uma enorme degradação da qualidade de vida da população, provocando uma série de doenças respiratórias, cardiovasculares e neoplasias. Deve-se ressaltar que essas três categorias de morbidade compõem as principais causas de morte nos grandes centros urbanos (Barbosa, 1990). Além disso, ainda acarretam um decréscimo no sistema imunológico do indivíduo, tornando-o mais susceptível às infecções agudas. 

Os mais afetados pela baixa qualidade do ar são as crianças, os idosos e as pessoas com problemas respiratórios (bronquite, asma e alergias). Hoje vale mencionar que boa parte da população dos grandes e médios centros urbanos é composta por idosos e crianças, justamente o grupo mais suscetível aos efeitos nocivos da poluição. Em crianças, a poluição atmosférica pode resultar em significativas ausências à escola, diminuição nas taxas de peak flow (Eficácia da função pulmonar, indicando quão abertas estão as vias respiratórias ou quão difícil é respirar), e aumento do uso de medicamentos em indivíduos que sofrem de asma. Nas pessoas normais, sejam elas adultas, crianças, ou idosos, a poluição ocasionara mudanças no sistema imunológico (Martins, 2002), além da deterioração da qualidade de vida, ocasionando mais idas a centros médicos, faltas na escola e/ou trabalho, além da restrição a prática de atividades físicas ao ar livre.

Mas quais doenças e/ou sintomas em específico podemos adquirir ao estarmos diariamente expostos ao ar poluído dos grandes centros urbanos. Veja alguns deles listados abaixo:


  • Espirro, Tosse e ativação do aparelho muco-ciliar – ocorre quando inalamos material particulado, que atinge as vias aéreas inferiores, por ser uma partícula inalável. É um tipo de poluente com capacidade de transportar gases adsorvidos até as porções mais distas das vias, onde são efetuadas as trocas de gases no pulmão. Os mecanismos de defesa próprio dos organismos são o espirro, tosse e o aparelho muco-ciliar, causando assim um mal estar ao indivíduo; 
  • · Lesões nas células das Vias Aéreas – Causadas pelo Ozônio (O3), que é um potente oxidante, estas lesões se dão nas mais distas porções das vias respiratórias, gerando três respostas pulmonares: tosse, dor retroesteral à inspiração e decréscimo da capacidade ventilatória forçada; 
  • Irritações do Trato Respiratório – Causadas pelos aerossóis ácidos, ocasionam dor, tosse e desconforto ao indivídui; 
  • Altos Níveis de Carboxihemoglobina – Causado pelo acúmulo de monóxido de carbono, tem como sua principal fonte o transito urbano. É comumente associado à intoxicações, focando seus efeitos principalmente sobre o coração (Freitas, 2003). 
  • Câncer do Pulmão – Ocasionado não apenas pelo hábito de fumar, mas também pelo simples fato de viver em locais onde os índices de poluição atmosférica são acima do suportado pelo organismo. É uma das doenças com maiores índices de mortalidade e também um dos tipos de câncer mais comuns em todo o mundo; 
  • Asma – Asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas. O pulmão do asmático é diferente de um pulmão saudável, como se os brônquios dele fossem mais sensíveis e inflamados - reagindo ao menor sinal de irritação; 
  • Rinite e Bronquite – Rinite é um tipo de alergia que se manifesta no nariz e nos olhos, enquanto que a bronquite, que pode ser aguda ou crônica, é uma inflamação dos brônquios; 
  •  Distúrbios de Ansiedade, Mal de Parkinson e Alzheimer – A inalação a longo prazo de partículas de metais poluentes e tóxicos, como mercúrio, cádmio e compostos de chumbo, podem dar origem a distúrbios de ansiedade e doenças como Alzheimer e Parkinson; 
  •  Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) – Os pacientes com DPOC grave têm falta de ar ao praticarem atividades físicas, necessitando de internação hospitalar com certa frequência. Entre as complicações da doença estão o desenvolvimento de arritmias, necessidade de máquina de respiração e oxigenoterapia, insuficiência cardíaca no lado direito ou cor pulmonale (inchaço do coração ou insuficiência cardíaca devido à doença pulmonar crônica), pneumonia, pneumotórax, perda de peso ou desnutrição grave e osteoporose.


3 – COMO COMBATER A POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

Junto com a violência e a corrupção, o que mais se destaca em nossos noticiários são matérias relacionadas com poluição, desmatamento, extinção de espécies, etc. No caso da poluição, a atmosférica está sempre em foco, principalmente pelos altos índices de poluentes encontrados no ar das cidades de porte médio e grande, de todo o mundo.

Essa poluição é causada basicamente pela emissão de gases provenientes de motores a combustão, como nossos carros, motos, caminhões, ônibus, aviões navios, ou de nossas fábricas, de queimadas realizadas ao entorno das cidades ou dentro delas, a mineração, a agricultura com suas pulverizações, etc.

Todas estas formas de emissão de poluentes têm trazido sérias consequências á saúde humana e do meio ambiente em geral, pois não só nós humanos somos afetados com a poluição atmosférica, e sim toda a teia da vida, desde os microrganismos até os maiores habitantes do planeta.

Diante desta situação, é preciso que a sociedade atual tome atitudes rigorosas em relação à poluição do ar, estabelecendo metas de redução, conscientização da população em geral, dos empresários, cobrando dos políticos ações claras e objetivas, entre outras. Abaixo, podemos listar algumas dicas corretivas e preventivas para tentar amenizar esse problema, dentre elas:

  • Estipular limites dos níveis de poluição nos ambientes urbanos e rurais; 
  • Estabelecer critérios rigorosos quanto às normas de emissão de gases; 
  • Monitoramento periódico das fontes poluidoras; 
  • Incentivar o uso de tecnologias menos poluentes, com menores impostos e incentivos fiscais; 
  • Uso de equipamentos que reduzem os níveis de gases emitidos, dos quais podemos citar: catalisadores automotivos, filtros despoluidores nas chaminés das indústrias, além de outros; 
  • Monitorar constantemente lugares onde são depositados resíduos sólidos, para que não haja incêndios; 
  • Controle diário da qualidade do ar; 
  • Promover o reflorestamento de áreas degradadas; 
  • Elaboração de projetos de caráter preventivo contra possíveis poluições atmosféricas de grande proporção; 
  • Controlar as queimadas (lavouras, pastagens e florestas); 
  • Evitar o uso de agrotóxicos, dando preferência para o controle biológico; 
  • Preservação de florestas naturais; 
  • Implantação de sistema de transporte coletivo de qualidade, alimentado principalmente com biodiesel ou com eletricidade; 
  • Criação e expansão de áreas verdes nas áreas urbanas, como praças arborizadas, parques ecológicos, jardins, etc; 
  • Incentivar a troca de veículos velhos por mais novos, que gastam menos combustível e consequentemente poluem menos. Dentro destes incentivos, baratear a produção do carro elétrico, estimulando assim sua compra; 
  • Trocar a matriz de transporte: de caminhões, para trens, balsas e navios; 
  • Fiscalizar a porcentagem de mistura de biodiesel no diesel; 
  • Incentivar o uso de GNV, e de álcool; 
  • Tornar obrigatória a regularização de emissões do veículo; 
  • Incentivar a partilha do automóvel; 
  • Fomentar as jornadas de trabalho contínuas e os horários flexíveis, para evitar aglomerações nas horas do rush e atrasos frequentes; 
  • Repensar o ordenamento das cidades e novas urbanizações, para reduzir os grandes deslocamentos; 
  • Evitar a concentração de atividades (residencial e empresarial) em áreas muito separadas, que obrigam constantes deslocamentos; 
  • Criar ciclovias que liguem áreas de grande circulação de pessoas; 
  • Construir estacionamentos e bicicletários próximos às estações metrô e das principais ligações de transportes públicos com preço diário convidativo.

 PARA SABER MAIS:


AMDA – Associação Mineira de Defesa do Ambiente. Estimativa dos efeitos da Poluição Atmosférica sobre a Saúde Humana: algumas possibilidades metodológicas e teóricas para a cidade de São Paulo. Disponível em: http://www.amda.org.br/imgs/up/Artigo_13.pdf


REFERÊNCIAS


Educação Pública – Rio de Janeiro. Poluição atmosférica: Refletindo sobre a qualidade ambiental em áreas urbanas. Acesso em: 2014. Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/geografia/0005.html

USP – Universidade de São Paulo. Educação Ambiental e Cidadania. Poluição Atmosférica & Chuva ácida. Acesso em: 2014. Disponível em: http://www.usp.br/qambiental/chuva_acidafront.html

AMDA – Associação Mineira de Defesa do Ambiente. Estimativa dos efeitos da Poluição Atmosférica sobre a Saúde Humana: algumas possibilidades metodológicas e teóricas para a cidade de São Paulo. Acesso em: 2014. Disponível em: http://www.amda.org.br/imgs/up/Artigo_13.pdf

Para que Não Lhe Falte o Ar. Peak-Flow Meter – o que é, como e quando se deve usar? Acesso em: 2014. Disponível em: http://www.paraquenaolhefalteoar.com/articles.php?id=83

Um Como. Quais as Doenças Causadas Pela Poluição do Ar. Acesso em: 2014. Disponível em: http://saude.umcomo.com.br/articulo/quais-as-doencas-causadas-pela-poluicao-do-ar-9477.html

Minha Vida. Doença Pulmonar – DPOC. Acesso em 2014. Disponível em: http://www.minhavida.com.br/saude/temas/dpoc

Saúde Total. Poluição Atmosférica: Doenças causadas pela poluição atmosférica. Acesso em: 2014. Disponível em: http://saudetotal.org.br/artigos/meioambiente/poluicao/spdoencas.asp

Brasil Escola. Como diminuir a poluição do ar. Acesso em 2014. Disponível em: http://www.brasilescola.com/geografia/como-diminuir-poluicao-ar.htm

Proteste. Medidas para diminuir a poluição do ar. Acesso em 2014. Disponível em: http://www.proteste.org.br/saude/nc/noticia/medidas-para-diminuir-a-poluicao-do-ar

Partido Verde – Espírito Santo. Algumas Propostas para a redução da Poluição Atmosférica. Acesso em 2014. Disponível em: http://pves.org.br/artigos/8-algumas-propostas-para-a-reducao-da-poluicao-atmosferica


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