A origem magmática da formação Serra Geral na bacia do Paraná

Fotografia 1. Encosta formada por camadas de derrame basáltico e a Pedra Furada, Morro da Igreja no Parque Nacional de São Joaquim, Santa Catarina. Foto do autor.

A Bacia do Paraná é uma extensa faixa continental regida pelas águas do Rio Paraná até a sua foz na Bacia do Prata, cobrindo uma grande porção do sul, sudeste e um pedaço do centro-oeste brasileiro, além do nordeste argentino, leste paraguaio e de quase todo o Uruguai. A Bacia do Paraná é o palco em que se desencadearam os eventos magmáticos que vieram a resultar na Formação Serra Geral, composta por planaltos, serras, afloramentos, degraus e escarpas de natureza basáltica, constatados, por exemplo, desde as feições verticais do Parque Nacional do Iguaçu (PR) até as escarpas do Parque Nacional dos Aparados da Serra (RS).

Figura 1: Mapa geológico da Bacia do Paraná com destaque para Formação Serra Geral em azul claro.
E como se deu o evento magmático, conhecido como derrame basáltico, que veio a consolidar as paisagens rochosas e os solos vermelhos e ferrosos da Bacia do Paraná? A origem dessas atividades de extrusão de magma está intimamente associada com a cisão do supercontinente Gondwana, eclodida pela divergência das placas tectônicas da América do Sul e da África a cerca de 135 milhões de anos atrás, segundo a teoria da Deriva Continental. Tal evento irrompeu uma série de rachaduras, fissuras e fendas, e não apenas vulcões, por onde se desencadeou uma intensa expulsão de lava em direção à superfície continental que durou aproximadamente 20 milhões de anos — trata-se do segundo maior derrame basáltico da história do planeta! Essas manifestações ígneas ficaram registradas, principalmente, nos basaltos, rochas oriundas da rápida consolidação de magma extrusivo que atualmente compõem os afloramentos rochosos da Bacia do Paraná, denominados Formação Serra Geral. 

A Formação Serra Geral, portanto, tem uma gênese absolutamente magmática. Sua extensão, ao longo da Bacia do Paraná, desde a Argentina e o Uruguai até as bordas do Mato Grosso do Sul e de Minas Gerais, é de cerca de 900.000 a 1.200.000 km², os dados variam dependendo do autor e de seus critérios. A morfologia e as paisagens da Formação Serra Geral são marcantes no relevo, destacando-se os planaltos, o sistema de serras, escarpas, desfiladeiros, cânions e espigões. Vale lembrar que essas paisagens, apesar de conservarem uma gênese ígnea, foram, ao longo de milhões de anos após o derrame basáltico que as originou, intensamente transformadas por reações erosivas e deposições sedimentares. Os registros mais famosos e belos dessa história magmática da Bacia do Paraná podem ser visitados em áreas de proteção, como nos Parques Nacionais dos Aparados da Serra (RS), de São Joaquim (SC) e do Iguaçu (PR), onde os afloramentos de basaltos são expressivos e formosos.

Por Anderson Rodrigo Pereira Da Graça


REFERÊNCIAS


FRANK, H. T.; GOMES, M. E. B.; FORMOSO, M. L. L. Review of the areal extent and the volume of the Serra Geral Formation, Paraná Basin, South America. 2009. Disponível em: http://www.ufrgs.br/igeo/pesquisas/Sitenovo/3601/05-3601.pdf. Acesso em: 05 abr. 2016.

PETRI, S.; FÚLFARO, J. V. Geologia do Brasil (Fanerozoico). São Paulo. Editora da Universidade de São Paulo, 1983.

CORDANI, U. G.; VANDOROS, P. Basaltic rocks of the Paraná Basin. Problems on Brazilian Gondwana Geology. Ed. Bigarella, 1967

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