J1407b e seu colossal sistema de anéis

Você deve ter visto aqui o texto sobre Phoebe, o anel gigante ‘invisível’ do planeta Saturno, que definitivamente o consagra como o “Senhor dos Anéis” do Sistema Solar. 


Além de Saturno, os outros gigantes gasosos – Júpiter, Urano e Netuno – possuem anéis. Aliás, em 2008, cogitou-se a possibilidade de Reia, a segunda maior lua de Saturno, também possuir anéis e, em 2014, uma equipe de astrônomos brasileiros (em conjunto com equipes de outros países da América do Sul e Europa) anunciaram a descoberta de um asteroide com um sistema de anéis.

Contudo, apesar de ostentar seu título – e seus anéis – aqui no nosso sistema, Saturno perde feio para J1407b, planeta de um sistema vizinho.

Esse nome estranho, J1407b, indica que o planeta orbita a estrela J1407, uma jovem anã laranja que fica localizada na região da constelação do Centauro. Dados de 2007 do projeto SuperWASP mostravam uma variação incomum no brilho dessa estrela. 

Novas análises dos dados em 2012 feitas por astrônomos da Universidade de Rochester (EUA) e do Observatório da Universidade de Leiden (Holanda do Sul), e um modelamento matemático indicam que esses “eclipses” que foram observados poderiam ser causados por um sistema de anéis em torno de um planeta gigante gasoso. Os resultados foram publicados na revista The Astrophysical Journal em janeiro do ano passado.

A Figura 1 e o vídeo abaixo ilustram a relação entre o gráfico da variação no brilho da estrela e a representação dos anéis de J1407b:

Figura 1 – Gráfico da variação da intensidade do brilho da estrela J1407 e a representação do sistema de anéis de J1407b. Fonte: Astronomia On-line. Centro Ciência Viva de Algarve.



O sistema de anéis de J1407b tem um diâmetro de quase 120 milhões de quilômetros, equivalente a mais de duzentas vezes o tamanho dos anéis de Saturno e contém aproximadamente o equivalente a massa da Terra inteira em partículas de poeira e rochas! Se seus mais de 30 espessos anéis fossem colocados em Saturno poderíamos vê-los facilmente no céu perto do início da noite ou do início da manhã, seriam maiores até que a Lua cheia!

Figura 2 – Representação artística de como os anéis [se colocados ao redor de Saturno] seriam vistos a partir do Observatório de Leiden. Observe a Lua no canto direito da foto. Fonte: Astronomia On-line. Centro Ciência Viva de Algarve.

Essa descoberta lança luz às teorias da formação do Sistema Solar e da formação dos anéis e satélites naturais dos planetas. Segundo Eric Mamajek, da Universidade de Rochester, há muito os cientistas esperavam por ver algo assim, corroborando para a hipótese de que Saturno e Júpiter tiveram, em seu estágio inicial um sistema de anéis bem diferente de hoje, que foram dando origem a seus inúmeros satélites naturais.

Figura 3 – Representação artística dos anéis de J1407b eclipsando a estrela J1407. Fonte: Astronomia On-line. Centro Ciência Viva de Algarve.
Por Alan Henrique Abreu Dias


REFERÊNCIAS


Astronomia On-line. Centro Ciência Viva de Algarve. Disponível em: <http://www.ccvalg.pt/astronomia/noticias/2015/01/27_j1407b.htm>. Acesso em: abril de 2016.

KENWORTHY, M. A. MAMAJEK, E. E. Modeling giant extrasolar ring systems in eclipse and the case of J1407b: sculpting by exomoons?. Arquivo on-line da Biblioteca da Universidade Cornell. Disponível em: <http://arxiv.org/abs/1501.05652>. Acesso em: abril de 2016.

Universidade de Rochester (NY – EUA). Disponível em: <http://www.rochester.edu/newscenter/gigantic-ring-system-around-j1407b/>. Acesso em: abril de 2016.

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