Um mago na ciência?

O Italiano Giambattista Della Porta(1535-1615) nascido em Nápoles, astrônomo, filosofo, criptólogo e mago, pertenceu a uma família nobre, fato que facilitou sua dedicação ao estudo da natureza. Tendo demonstrado desde cedo talento para investigação cientifica, tem-se relatos que as informações que viriam a ser apresentadas em sua obra teriam sido escritas desde seus 15 anos de idade.

Giambattista Della Porta se considerava um mago natural, tendo por função desvendar os segredos da natureza independentemente de contratempos como tempo e dinheiro. Como pode-se perceber quando se fala em mago ou em magia natural, para Della Porta não se trata da magia como costumamos conhecer, não se refere a magia do sobrenatural tão condenada em sua época, mas sim, um tipo de ciência. A Magia Natural para Della Porta é como descreve Saito:

“Se tratava da mais alta expressão das ciências e afigurava-se como conhecimento perfeito. Tal conhecimento, entretanto, dependia da observação e da inspeção de todo o curso da natureza, pois o mago acreditava que perscrutando-a e imitando-a em todos os seus aspectos, era possível conseguir um poder que lhe permitiria desfrutar de suas forças e usufruir de sua imensa riqueza. ”

Magia Naturalis foi sua obra de maior destaque, sendo a que causou mais polêmica pelo caráter supostamente mágico. A primeira versão fora escrita em 1558, e é nesta obra obviamente que a magia natural é exposta. Ainda nos primeiros capítulos, Della Porta se dedica a descrever os princípios que um mago da magia natural deveria seguir e as habilidades que deveriam ter. 


Figura 01. Legenda: obra Magia Naturallis. Fonte: en.wikipedia.org.

Esta tratava da busca por revelar os vários segredos da natureza, de forma que seria possível encontrar relatos de várias áreas como, por exemplo, cosmética, alquimia, óptica entre outras. Não se tratando apenas de uma lista de curiosidades, Della Porta divide, em sua obra, as ciências em “Naturais e Matemáticas”, porém uma de suas características principais é que era voltada para explicação de fenômenos até o momento não explicados, considerados extraordinários ou sobrenaturais.

A cada versão publicada, o número de livros aumentava, mas a versão de 4 livros foi a que teve grande repercussão, pois fez com que Della Porta fosse chamado duas vezes para depor nos tribunais da Inquisição para então obter a liberação para a publicação. 

Sua obra, que já era acompanhada de perto pela Inquisição por ter um suposto caráter mágico condenado pela igreja, tinha um relato sobre como funcionava um unguento utilizado pelas bruxas para levantar voo. Porém, a explicação dele não tinha nada de sobrenatural, sugeriu que, na verdade, o unguento era responsável por causar alucinações nas supostas bruxas que imaginavam voar mas, mesmo assim quase teve sua carreira interrompida.

Conseguindo escapar das acusações de pessoas lhe atribuindo poderes sobrenaturais, continuou a escrever sobre os fenômenos da natureza. Uma de suas principais contribuições foi para o campo da óptica, que recebia sua atenção especial, sendo considerado contribuinte na explicação do funcionamento do Telescópio.

Por Letícia Patricio Christopholi


REFERÊNCIAS


SAITO, Fumikazu. O telescópio na magia natural de Giambattista dela Porta. EDUC/Livraria da Física Editorial: FAPESP, 2011.

SAITO, Fumikazu. A distinção entre magia natural e magia demoníaca na Magia Naturallis de Della Porta. Disponível em: https://fumikazusaito.files.wordpress.com/2011/11/fumikazu-saito-a_ideia_de_experiencia.pdf. Acesso em: 7 de abril de 2016.

Giovanni Baptista della Porta Disponível em: http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/GioDPort.html. Acesso em: 7 de abril de 216.

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